"Optei por trabalhar para conquistar minhas coisas", diz estudante de Santa Maria que viralizou nas redes com entregas em bicicleta

Foto: Vinicius Becker (Diário)

Um perfil que saltou para mais de 180 mil seguidores no Instagram em poucos dias e vídeos que somam mais de 10 milhões de visualizações. É com esses números que o usuário "sng.kpk" (siglas de seu sobrenome) se tornou o mais novo fenômeno viral de Santa Maria nas redes sociais. Por trás do guidão da bicicleta está o estudante do 8º semestre do curso de Direito da UFSM Lorenzo Sangoi Kupke, 23 anos, que transforma em conteúdo a sua rotina como entregador de aplicativo. Em entrevista ao Diário, ele detalhou a jornada que o levou a São Paulo em busca de dinheiro e o retorno à cidade natal para pagar uma especialização de pós-graduação e, assim, buscar a independência financeira.


Conforme Lorenzo, o início da jornada como entregador foi em outubro do ano passado, em Santa Maria, antes de produzir vídeos e viralizar. O objetivo, segundo ele, era custear suas especializações de pós-graduação e não depender financeiramente dos pais.


– Eu quero começar a minha vida adulta e eu escolhi começar com as entregas - afirma Lorenzo.


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O desafio em São Paulo

Foto: Vinicius Becker (Diário)

Em busca de uma demanda maior, Lorenzo relata que passou o mês de janeiro em São Paulo, focado em juntar dinheiro. O começo, segundo ele, foi extremamente difícil.

– O início em São Paulo foi muito difícil, "cara". Eu não conhecia muita cidade, não conhecia os bairros, eu estava com a "bike" ruim - conta.

Ele relembra que, sem familiares ou conhecidos na cidade, chegou a pensar em desistir.

– Eu me lembro de eu conversando com meu irmão falando que "tava" muito difícil, que eu "tava" pensando em voltar - disse, emocionado.

A situação mudou quando ele conseguiu uma bicicleta própria e as chuvas na capital paulista aumentaram o valor das entregas. O pior dia de trabalho lhe rendeu R$ 80 em 12 horas; no melhor, faturou quase R$ 400 no mesmo período.


As críticas sobre sua rotina

Foto: Vinicius Becker (Diário)

Com o crescimento exponencial nas redes sociais, Lorenzo passou a lidar também com críticas e questionamentos sobre a autenticidade de sua jornada. Em seu relato, o jovem abordou as principais dúvidas dos seguidores, explicando sua realidade financeira e a escolha pelo trabalho como entregador.


Um dos pontos, conforme ele, é a desconfiança de que o trabalho seria apenas uma encenação para os vídeos.


– Acho que o principal motivo é porque eles acham que eu comecei a trabalhar com entregas agora apenas pra gravar os vídeos, mas eu trabalho com isso desde outubro do ano passado – esclarece.


O questionamento mais recorrente, no entanto, é sobre sua condição financeira. Por isso, Lorenzo reafirma sua independência, mas sem negar a condição da família.


– Os meus pais não me ajudam financeiramente com nada, eu banco todas minhas contas com meu próprio dinheiro, oriundo das entregas e, agora, das redes sociais, como aluguel, condomínio, conta de luz, alimentação, academia, pós-graduação e outros. Mas eu tenho uma ótima relação com meus pais e eles teriam condição, sim, de me sustentar, mas optei por trabalhar para conquistar minhas próprias coisas sem depender deles - detalha Lorenzo.


Ele conta que essa escolha implicou em uma mudança no seu padrão de vida.


Com isso, eu tive que diminuir o meu padrão de vida comparado de quando eu morava com meus pais. Como um exemplo, compartilhei um vídeo da minha dieta da semana, comprei em geral fígado como proteína por ser bem barato. O custo da dieta mensal é de R$ 300, isso é muito diferente de quando eu morava com meus pais e tinha acesso a uma dieta muito mais rica e variada - compara o estudante.


– Mas eu estou começando minha vida de adulto agora e não tenho problema em passar sufoco no início, pois acredito muito que todo meu esforço vai valer a pena - finaliza.

Seu primo e padrinho, Felipe Sangoi, esclarece informações que circulam nas redes. Segundo ele, a família de Lorenzo sempre teve uma vida confortável, mas sem luxos, e boatos de que ele teria carro ou apartamento em Camboriú não seriam verdadeiras.


– Aquilo que ele mostra nos vídeos realmente é ele, gentil, sorridente, prestativo. Poderia muito bem ficar escorado às custas do meu tio enquanto estuda, mas decidiu se virar sozinho – afirma Felipe.


A reportagem procurou os pais de Lorenzo, que preferiram não gravar entrevista. 


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